Tenho sempre uma viagem
bailando nos olhos. Nasci embriagada de universos. Os cartões-postais
estrangulam os horizontes do meu desejo. Meu corpo é cheio de espaços vazios
que precisam ser preenchido com lugares. De modo que, todas as noites,
descalça, vou e volto a um país desconhecido a um lugar que eu não habito, mas
que me habita por dentro. Vou salvando versos que libertam minhas algemas de
alforria e tropeçando em estrofes no meio das ruas. Não meço distâncias,
atravesso as linhas limites com a satisfação de estar longe da casa onde nasci.
Há tantos lugares no mundo onde eu gostaria de viver... Mas não é simples
conciliar desejo e realidade, a maioria mora em lugares para os quais foram
predestinados e não exatamente por escolhas. Comigo foi assim, de modo que me
acostumei a seguir nascendo em inúmeros
lugares desconhecidos. Parteira de mim mesma, arrasto-me como uma
sentença até ao ostracismo estrangeiro, de onde espio a vida acontecer.
Nomeio-me em filigrana a cada sitio. Batizo-me
debaixo de distintos céus. A mãe natureza é a mesma em qualquer parte do
mundo. Boceja a solidão com sua belíssima boca,
engolindo o caos de cada dia.
Lucilene Machado.
Lindo! Identifiquei-me em muitas passagens do seu artigo.Bj.
ResponderExcluirSelma
Obrigada, Selma.
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