sábado, 19 de janeiro de 2013

Claricianas I





Claricianas I
                             Lucilene Machado

Às vezes me ocorre um pensamento mais rebuscado. É um sentir que não sei escrever. Escrevo sobre amor e o amor é pesado de sonhos. Meus pensamentos são esses fios invisíveis apertando o coração. São essas correntes primárias  convergindo para um mesmo rumo. Todas as ruas levam à dor. Ainda assim tenho esperança. Sou doente da esperança da paixão. Já comi pétalas de rosa vermelha. Mas isso não conto. Também não sei se é necessário. Enfim, o que posso dizer que seja necessário? Nem eu sou necessária. Vivo no superlativo, mas só me é aproveitado o mínimo. Os homens se contentam com o mínimo que pode ser encontrado no corpo. E o meu corpo se parece com todos os outros. Eu seria igual, não fosse essa tristeza vertical escorrendo por minhas veias e artérias. Uma dor sincera que passeia insone sobre minha geografia. Eu amo as pessoas na medida em que elas vão me esquecendo. Meu amor é um pedido silencioso de socorro para que voltem e retirem o espinho cravado na carne. Mas as pessoas são medrosas. O mundo jaz no medo. Medo de amar. Fui ao psiquiatra porque tinha fome de amor, ele me ofereceu tranquilizantes. Continuo incurável.


Um comentário:

  1. Lucilene, tomo a liberdade de postar esse texto no chamado facebook, tornar mais público esse talento!
    Joel

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Comentários